Não há desinflação grátis
Ilan Goldfajn *
"... Ao estimular o consumo, a política de desonerações agrava o descompasso entre a
oferta e a demanda e alimenta a inflação no médio prazo....
O peculiar dessa política é que os efeitos no curto prazo são contrários aos
efeitos permanentes na inflação. Enquanto no curto prazo a queda dos impostos
tende a reduzir os preços e a gerar um alívio temporário, o impacto permanente é
de mais inflação. E quanto maior o repasse do benefício tributário pelas
empresas aos preços, maior será o incentivo ao consumo. Ou seja, quanto mais
bem-sucedida a política sobre a inflação no curto prazo, mais difícil será
segurar a inflação no médio prazo.
Há um certo consenso no País sobre os
objetivos para a economia. É necessário combater a inflação, reduzir a carga
tributária e o custo das empresas e incentivar a produção e o investimento. Mas
o diabo está no desenho das políticas. As desonerações tributárias, se
repassadas aos preços, aliviam a inflação no curto prazo, mas a pioram no longo
prazo, já que incentivam o consumo, e não o investimento. Desonerações focadas
nas empresas, financiadas por cortes de gastos públicos, teriam efeito benéfico
no longo prazo. Da mesma forma, inúmeras reformas que atacam a complexidade de
produzir no País, com impacto direto na produtividade, poderiam incentivar o
crescimento no Brasil e, simultaneamente, combater a inflação de forma
permanente."
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