terça-feira, 26 de março de 2019

Política orçamentária

O Globo – O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que tinha um plano B se não conseguisse aprovar a reforma, que era desvincular todo o Orçamento. É viável?
Marcos Lisboa – Desvinculação é fazer a reforma da Previdência, que é o maior gasto público. Ou é Previdência, ou é cortar gastos em saúde e educação, ou é nada. Não pode reduzir salário de servidor, não pode cortar aposentadoria, não pode mexer nas transferências para estados e municípios, o que sobrou para desvincular mesmo? Saúde e educação.
A reforma é necessária para parar de piorar, mas ela não resolve a piora já programada dos problemas de estados e municípios e dos já aposentados. O custo da Previdência é muito alto e vai ser agravado por esse pessoal que a reforma não afeta. Não estamos investindo na manutenção de viadutos, pontes, estradas e em saneamento. Se não investir, mais pontes e viadutos vão cair. Tem que reduzir as despesas obrigatórias, como a da Previdência, senão vamos ter problemas crescentes na infraestrutura urbana do país.
O Globo – A reforma de Bolsonaro terá impacto significativo nas contas públicas?
Marcos Lisboa – Ela é essencial, é fundamental e tem que ser apoiada, mas vai resolver todos os problemas? Não. É o começo de uma longa trajetória. Temos que abrir a economia para o comércio exterior, reduzir subsídios… E tem uma reforma tributária difícil de ser feita. Parece que nessa área o governo está completamente perdido, que está muito mais comprometido com uma agenda corporativista. E há uma superficialidade nas discussões que surpreende.
O Globo – O governo está cedendo em questões como subsídios?
Marcos Lisboa – O governo renovou e aceitou subsídios para Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), para a Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia). O governo tem preservado políticas tradicionais do governo Dilma. Não se tratou mais da agenda do Sistema S. A boa notícia é que o time que está cuidando da Previdência é fantástico. Pena que parte desse governo foi contra essa reforma um ano e meio atrás.
~postado por Gabriel Drummond~

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