sábado, 18 de maio de 2019

Perguntas legítimas

Por que funcionários públicos, além da estabilidade, têm aposentadorias bancadas pelos pagadores de impostos e operam em um regime separado do setor privado, com regras e benefícios muito melhores? E o alto escalão militar?
Por que foi criado um imposto sindical obrigatório, pago até mesmo por quem não é filiado a sindicatos? O Brasil tem mais de 15 mil sindicatos habilitados a receber a contribuição, e os valores movimentados pelo Imposto Sindical chegam a R$ 3 bilhões por ano. A imensa maioria dessas entidades só existe para captar esse recurso. Boquinha invejável.
Por que as mais simples tarefas exigem centenas de documentações carimbadas e dezenas de procedimentos legais, os quais só servem para criar atravessadores e lucros para a indústria dos cartórios?
Por que empresários com ligações com o governo têm acesso aos juros do BNDES -- subsidiados por nós, pagadores de impostos -- e isenções concedidas por decreto presidencial?
Por que há empresas e empresários que podem operar confortavelmente dentro de reservas de mercado protegidas pelo governo, que os blinda da concorrência por meio de tarifas de importação e agências reguladoras?
Nenhum destes privilegiados quer reformas. Todos se dizem ‘a favor de reformas’, mas apenas das reformas que mexam com os outros.
Para piorar, todas estas distorções - e foram enumeradas apenas as mais explícitas - são defendidas e justificadas com rótulos emotivos que afetam algum tipo de preocupação e benevolência para com os mais pobres, por mais distante da realidade que isso seja.
Quem é marginalizado nesse processo de troca de favores é exatamente quem sustenta essas regalias todas. É quem paga pelos produtos mais caros, quem arca com os juros mais altos, quem banca os sindicatos e as cotas parlamentares, quem sustenta cartórios e quem possibilita a generosa previdência do funcionalismo.
No país da meia-entrada, quem paga o pato é quem paga a inteira.
O Brasil tem elites, sim, mas não aquelas caricatas que "não gostam de pobres em aviões". As que temos são essas reais, que vivem de extrair muito de todos nós.
Confira.

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