A lógica é direta: se você tem um governo que quer prover de tudo, a tendência é que, com o passar do tempo, não irá sobrar recursos para nada.
Se você tem um estado cuidando de escolas, universidades, saúde, aposentadorias, pensões, esportes, cultura, lazer, filmes nacionais, teatro, subsídios tanto para pequenos agricultores quanto para megaempresários, benefícios assistencialistas de todos os tipos (Bolsa-Família, BPC (LOAS) etc.), estradas, portos, aeroportos, Correios e eletricidade subsidiada, e criando uma crescente oferta de empregos públicos pagando altos salários, esse arranjo só irá durar enquanto o número de pessoas produtivas — isto é, aptas a serem tributadas — for crescente.
Se a quantidade de pessoas produtivas — aptas a serem tributadas — começar a diminuir (ou simplesmente parar de crescer), o arranjo acima irá começar a se esfacelar.
No Brasil atual, o dinheiro para bancar os crescentes gastos do governo literalmente acabou. E por três motivos:
1) a quantidade de pessoas aptas a serem continuamente tributadas parou de crescer (dados no artigo),
2) e as que ainda estão aptas a serem tributadas são pouco produtivas (dados no artigo). Quem é pouco produtivo tem renda baixa, e consequentemente tem menos capacidade de ser crescentemente tributado para bancar os gastos do estado.
3) A quantidade de pessoas recorrendo aos gastos do governo é cada vez maior (uma inevitabilidade quando se tem uma população envelhecendo e historicamente dependente do estado).
Sem capacidade de arrecadar, o governo tem de se endividar cada vez mais. Quem se endivida muito, além de pagar muitos juros, ainda encarece o crédito que poderia ser direcionado para empresas investirem e contratarem. Logo, a economia e a renda não crescem. Consequentemente, a arrecadação não aumenta no ritmo necessário, ao passo que os gastos seguem crescendo (e a um ritmo maior, por causa dos aposentados e desempregados).
E aí recomeça o ciclo vicioso.
O fato é que nossa social-democracia não mais consegue arrecadar o volume necessário para bancar seus gastos crescentes. Este é o dado empírico, o qual não permite tergiversações ideológicas.
Não se trata de insensibilidade ou de "maldade neoliberal" clamar pela redução profunda do estado. É apenas uma questão de se reconhecer a realidade: sem reformas previdenciárias e tributárias e, acima de tudo, sem um profundo corte de despesas do estado — que no mínimo corrija seu tamanho para níveis condizentes com a renda per capita do brasileiro (que o sustenta) —, a implosão econômica é inevitável. E aí as consequências sociais são totalmente imprevisíveis.
Nosso experimento social-democrata chegou ao fim. Quanto mais rapidamente aceitarmos isso, quanto mais rapidamente agirmos como adultos — e não como adolescentes fazendo vitimismo —, menos dolorosa será a transição.
Confira 10 gráficos que desenham toda a nossa atual (e emergencial) situação.
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