domingo, 29 de dezembro de 2019

Desenvolvimentismo

Dias desses me envolvi num intenso debate com alguns "desenvolvimentistas", aquela turma que vive clamando por um tal "projeto de país", bem na linha Ciro Gomes. O ponto de partida é sempre o mesmo: a constatação do encolhimento da nossa indústria em proporção ao PIB, que caiu de 30% na década de 80 para os atuais 11%. Um fato incontestável, porém super valorizado por eles, uma vez que se trata de um fenômeno maior, que atinge principalmente o Ocidente. Ou seja, muitas indústrias dos EUA e da Europa migraram para os países asiáticos em busca de mão de obra mais barata e menos burocracia para continuarem oferecendo produtos mais baratos para uma massa cada vez maior de consumidores. Ou seja, o capitalismo malvadão está fazendo naturalmente o que os socialistas passaram décadas e décadas tentando sem sucesso: diminuir a distância entre países ricos e pobres.
Portanto, não existe solução para a desindustrialização do ocidente sem passar antes pelo aumento da competitividade no mercado internacional, focando principalmente nas vantagens comparativas de cada país. Não existe aumento da competitividade sem o aumento de produtividade. E não por acaso, a produtividade do Brasil estagnou desde a década de 80. Em comparação aos países mais bem sucedidos no período caiu vertiginosamente, como mostra o gráfico nos comentários.
E é justamente na questão da produtividade onde os “desenvolvimentistas” entram em parafuso. Na cabeça do esquerdista, aumento de produtividade é quase sinônimo de exploração do trabalhador. Com o diagnóstico equivocado, as soluções serão sempre equivocadas. Em alguns desses debates pedi aos meus interlocutores para que listassem uma série de medidas que eles acreditam que deveriam fazer parte do tal “projeto nacional”. O resultado é sempre o mesmo. No final, tudo se resume em mais protecionismo ou subsídios, seja em forma de renúncias fiscais ou de créditos com juros abaixo do mercado com prazos a perder de vista. Ou seja, tudo o que se tentou no Brasil desde sempre. Enquanto a competição global ainda não era tão acirrada, pudemos crescer durante algum tempo focando no mercado interno. Mas quando a globalização se intensificou, iniciamos a trajetória de queda que só foi piorada com os lobbys por mais proteção e subsídios.
Não que os liberais não se preocupem também com tal processo. Mas as soluções passam por mais abertura e não por mais protecionismo e subsídios. E não por acaso, um dos poucos períodos onde a indústria nacional cresceu um pouco desde os anos 80 foi justamente na transição entre Collor e FHC, justamente quando houve a tentativa de abertura da nossa economia. Nesta época muitas grandes indústrias faliram, pois não conseguiram oferecer produtos competitivos em comparação aos importados. No entanto, as que sobreviveram ganharam também o mercado internacional, algumas das quais se tornaram também multinacionais, levando também progresso para países mais pobres.
Enfim, os fatos estão aí. Os dados empíricos dão razão aos liberais. Mas a turma do “projeto nacional” insiste nas mesmas falácias. Sempre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário