quinta-feira, 8 de abril de 2021

Tributação

 Segundo a elite do funcionarismo público brasileiro -- os sábios agentes da Receita Federal, cujos salários orbitam acima de R$ 20 mil ao mês --, é necessário taxar livros, uma vez que "pobre não lê".

ora, tal pensamento revela não somente o total desprezo pelas camadas economicamente frágeis de nossa nação, senão também um profundo pensamento pérfido ao defender o conhecimento como algo exclusivo para as elite ( como um carro zero km, um imóvel ou um eletroeletrônico da nova geração). Pois bem, se começarem a taxar livros, daí que a distância entre a elite culta e base inculta se tornará ainda maior, já que o acesso ao conhecimento ficará cada vez mais restrito somente àqueles que têm condições de bancá-la. E, pelo visto, uma parcela suntuosa de nossa elite vê mesmo o pobre como um incapaz, um sujeito que deve jazer ad aeternum (eternamente) em sua própria ignorância, negando-lhe o conhecimento. Destarte, fica muito difícil construir uma nação próspera, uma vez que a própria elite, cujo poder e influência dão-lhe condições de fazê-lo, preferem danar seus concidadãos, deixando-os não só na miséria econômica e social (quando taxam absurdamente bens e alimentos), senão também na mais grave e maldosa de todas concebíveis: a miséria intelectual.
Em suma, é a elite que teme perder seu posto, sugando tudo o que pode do brasileiro néscio, o qual nem sequer poderá, ao menos, tornar-se mais inteligente para atinar que a sua posição é de explorado, e nunca sequer saber também que existe aquele que o explora.

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