Bancos públicos brasileiros podem estar em risco, afirmam especialistas em seminário na Câmara dos Deputados
Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil estão muito alavancados, apontam especialistas em seminário realizado ontem (22) na Câmara dos Deputados. Segundo Adolfo Sachsida, técnico de planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos Macroeconômicos do IPEA, diversas ações do Governo podem ter enfraquecido a saúde financeira das duas maiores instituições financeiras do País.
Sachsida aponta como um primeiro fator de risco a flexibilização de garantias dada pelo governo em 2010. “Essa flexibilização permitiu fundos de pensão e estatais, ao contraírem empréstimos financeiros para investimentos, oferecerem bens reais como garantia, dispensando, assim, a contratação de seguro”, explica.
Adolfo diz que essa medida teve por objetivo estimular os investimentos, principalmente na casa própria. Até 2009, as empresas estatais tinham de contratar seguros para oferecer como garantia, algo que na prática encarecia o empreendimento. Em 2010 o Conselho Monetário Nacional autorizou a inclusão de ativos reais nas garantias, dispensando os serviços das seguradoras. Para o técnico do IPEA, diferentemente dos contratos de seguro, os preços de ativos reais, como, por exemplo, terrenos e prédios, flutuam livremente no mercado, embutindo um enorme risco no adimplemento da obrigação.
A segunda medida que contribui para o risco de insolvência dessas instituições financeiras foi noticiada em maio de 2010, quando a Caixa Econômica Federal anunciou que realizaria a emissão do primeiro pacote de securitização de sua carteira de crédito imobiliário para levantar recursos. Sachsida aponta que a securitização é a transformação da carteira de crédito em um ativo financeiro. “A instituição divide a carteira em partes e as vende como títulos no mercado. O comprador é remunerado no longo prazo com uma taxa de juros que varia de acordo com o papel. O banco, por sua vez, consegue, ao vender esses títulos, antecipar o recebimento dos recursos financeiros - essa emissão é realizada por Certificados de Recebíveis Imobiliários”, explica o técnico.
Fernando Ulrich, representante do Instituto Ludwig von Mises Brasil, que também participou da mesa de debates do evento promovido no âmbito da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, compartilha da preocupação de Sachsida. Segundo Ulrich, a securitização levada adiante pela Caixa fornece uma fonte alternativa de recursos para o crédito habitacional, que até então vinham basicamente da poupança e do FGTS. “Isso é um estímulo excessivo no consumo. Uma política Keynesiana nos mesmos moldes da aplicada no mercado de hipotecas norte-americano antes da crise de 2008”, assevera o especialista.
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