quarta-feira, 28 de abril de 2021

Contribuições de Milton Friedman

 

Friedman é sem dúvidas o maior nome da famosa Escola de Chicago. Suas contribuições para a economia foram diversas. Iremos elencar as mais importantes.
Em um livro de 1953, chamado “Essays in Positive Economics”, Friedman ganhou notoriedade no meio acadêmico graças a dois capítulos que vieram a influenciar muito a ciência econômica. No primeiro deles, “The Methodology of Positive Economics”, o economista esboçou um método muito influente para a ciência econômica. Seu método consistia na ideia de que não importa o realismo das hipóteses, apenas o poder preditivo das mesmas. Uma teoria não poderia ser julgada pelo realismo das hipóteses ou falta dele, mas sim pelo quanto dos fenômenos do mundo real a teoria é capaz de explicar e prever. O outro capítulo influente deste livro foi “The Case for Flexible Exchange Rates”. O consenso pós-guerra era de que, no trilema câmbio fixo – política monetária independente – livre fluxo de capitais, a peça que deveria ficar de fora da equação geralmente era o livre fluxo de capitais. Friedman foi um dos pioneiros a argumentar que isso estava errado: quem deveria ser descartado no trilema era o câmbio fixo. O câmbio deveria flutuar ao sabor do mercado. Essa posição inicialmente minoritária virou consenso após o desmoronamento do acordo de Bretton Woods.
Seu livro de 1956, “Studies in the Quantity Theory of Money”, deu origem ao monetarismo. No livro, Friedman mostrou que, no longo prazo, expansão da base monetária leva apenas a inflação, apesar de no curto prazo poder levar a aumento no produto.
Outra contribuição sua foi para a teoria do consumo, criando a assim chamada Hipótese da Renda Permanente em seu livro de 1957, “A Theory of the Consumption Function”. A teoria do consumo usual até então era a teoria do consumo keynesiana, que predizia, de maneira um tanto simplista, que o consumo era uma função linear da renda presente. Friedman, amparado em dados estatísticos, teorizou que o consumo é uma função, na verdade, da renda permanente. A renda pode ser dividida em dois tipos, a permanente e a provisória. Para Friedman, a renda provisória, obtida de um aumento sazonal no rendimento, um benefício governamental temporário ou alguma coisa do tipo, é majoritariamente poupada. Então as políticas governamentais de estímulo da demanda agregada não surtiriam o efeito desejado, pois o multiplicador keynesiano seria menor do se esperaria, já que a maior parte do aumento na renda das pessoas seria poupada.
Talvez sua contribuição mais famosa está em seu livro de 1963, em coautoria com Anna Schwartz, chamado “Monetary History of the United States”. No livro, afirmou-se (novamente, amparado em dados estatísticos) que o principal responsável pela Grande Depressão foi o FED, ao permitir que a base monetária se contraísse de maneira abrupta. Além disso, Friedman mostrou que a elasticidade-juros da demanda por moeda é pequena, pois a demanda por moeda é função de muitas outras variáveis. Desse modo, no arcabouço keynesiano, a curva LM seria quase vertical, o que conduziria a uma política monetária poderosa e uma política fiscal fraca. A preferência pela política monetária para controlar a demanda agregada que se seguiu anos depois foi em grande parte influenciada por esse trabalho. Foi nesse livro também que Friedman esboçou uma regra para o Banco Central que foi aplicada durante os anos 80 no FED: a oferta de moeda deveria crescer no mesmo percentual que o PIB real.
Por fim, sua última grande contribuição foi seu artigo para a American Economic Association, em 1968, em que ele afirma que o trade-off entre inflação e desemprego, expresso pela Curva de Philips, é um trade-off somente de curto prazo, enquanto os trabalhadores são enganados e acreditam que seu poder de compra está crescendo. Quando eles descobrem que seu poder de compra permaneceu o mesmo, pois o aumento salarial foi contrabalançado com aumento na inflação, eles voltam a oferecer o mesmo tanto de trabalho que antes, retornando o produto ao seu nível natural. Uma vez que as expectativas são adaptativas, não há tal coisa como trade-off entre inflação e desemprego no longo prazo. Friedman desenvolveu a ideia de que existe uma taxa natural de desemprego, taxa essa que depende de fatores institucionais e que o governo não é capaz de alterar através do manejo da demanda agregada. Essa teoria, desenvolvida em paralelo por Edmund Phelps, foi extremamente preditiva, pois foi exatamente o que ocorreu na década de 70: o trade-off entre inflação e desemprego desapareceu, e a economia americana se viu de repente em uma situação de alta inflação e alto desemprego.
3 Comme

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