domingo, 7 de agosto de 2011

Textos 2011

O que está por trás da guerra cambial?
Em uma perspectiva histórica mais ampla, a atual guerra cambial é o mais recente conflito em uma séria de crises agudas do moderno sistema monetário internacional. Em um mundo de regimes monetários nacionais baseados em moedas de curso forçado sem nenhuma âncora física, qualquer instabilidade monetária doméstica automaticamente se transforma em instabilidade da taxa de câmbio. Como antes, a atual crise da ordem econômica internacional é essencialmente o resultado de fragilidades monetárias oriundas dos deteriorados sistemas monetários nacionais e de imprudentes políticas monetárias e fiscais domésticas.
A causa imediata dessa guerra cambial, que já está adentrando um estágio agudo, é política de maciço "afrouxamento quantitativo" (leia-se inflação) praticada pelo Banco Central americano. Qualquer que tenha sido a intenção original dessa política, as consequências dessas medidas do Fed incluem uma forte expansão monetária, baixas taxas de juros e um dólar bastante enfraquecido. Com as taxas de juros americanas se aproximando do "piso zero", os EUA pretendem estimular sua letárgica economia com maciços impulsos monetários.
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Além da boa governaça

03 de Agosto de 2011 - por Antony Mueller A crise da dívida soberana na Europa e a disputa nos Estados Unidos sobre o teto da dívida do governo federal têm um significado que transcende a política atual. Esses acontecimentos denotam o fim de uma era. A crise financeira da atualidade assinala o fim da época do estado intervencionista de bem-estar social. Segundo sua própria natureza, este sistema é insustentável porque depende de um endividamento perpétuo do setor público. O fim do estado intervencionista de bem-estar social está marcado pela falência financeira do estado. 
A moeda comum europeia - o euro - está nas manchetes. O leitor da imprensa pode ter a impressão de que o acordo cambial comum do euro de 17 das 27 nações que formam a União Europeia está prestes a desmoronar. Não poucos artigos insinuam que quase toda a Europa está à beira do colapso devido à crise da dívida na Grécia e de alguns outros países que formam a zona euro.

Atualmente existe quase um consenso entre os banqueiros centrais de que a deflação deve ser evitada a todo custo. No entanto, quando um indivíduo aleatoriamente escolhido é perguntado se prefere os preços mais altos ou mais baixos para as coisas que compra, certamente responderá que os preços baixos são preferíveis.
O termo "inflação" é impreciso. O significado comum de "inflação" hoje em dia é um aumento geral do nível de preços. Neste contexto, o oposto da inflação seria "deflação", enquanto "estabilidade dos preços" significa uma situação em que o nível de preços não se move. Nenhum desses termos é um conceito exato. "Inflação", "deflação" e "estabilidade dos preços" são construções estatísticas e, como tais, sofrem de imprecisão e estão sujeitas a várias técnicas de apresentação.
A grande maioria dos livros didáticos de macroeconomia moderna trata as questões do crescimento econômico e do desenvolvimento como um problema da acumulação de capital e do progresso tecnológico. Mas essa limitação é deficiente, pois deixa de fora o papel do empreendedor como o principal agente da promoção do progresso econômico.

Uma característica da macroeconomia quantitativa moderna é o alto nível da agregação das variáveis de modelo. Para John Maynard Keynes (1883-1946) e os seus discípulos, é comum modelar investimentos como um aumento do estoque de capital. Nessa tradição, se reduz o complexo desafio de acertar o investimento justo a uma simples adição aritmética – nem o investimento nem o capital possuem uma estrutura interna.

Parece que o paradigma predominante da metodologia científica nas ciências sociais tem pouco a ver com a realidade da nossa vida social, a prática política e a administração pública. Parece que os próprios universitários, políticos e administradores não se dão conta dessa conexão. Mas na verdade o uso do certo modelo epistemológico mostra-se crucial para os resultados gerados por uma pesquisa, bem como para a maneira como se pratica política e para a forma da administração pública.
A teoria do valor pode aparecer como algo esotérico, que é melhor deixarmos para livros didáticos e na sala de aula. No entanto, essa opinião é bem errada. A teoria do valor é uma das determinantes mais fortes quando se pensa sobre a economia, a sociedade e a política.
 

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