sábado, 10 de dezembro de 2011

Perspectivas econômicas para 2012



2012 - Perspectivas da Economia Mundial

Antony Mueller

O ano 2011 vai ser lembrado como o ano da crise soberana europeia. Esta crise ainda não está superada. Ao contrário. O risco para 2012 é que a crise europeia vai se espalhar por contágio e afetar também os países emergentes. A estagnação na Europa e nos Estados Unidas vai continuar. Junto com o Japão as grandes economias mundiais estarão na crise. Passo a passo esta crise está afetando também os países emergentes.

Crescimento
A crise econômica se manifesta atualmente na crise da dívida soberana. Mas vale lembrar que a origem da miséria econômica foi a crise no mercado de imóveis nos Estados Unidos. A dívida soberana atingiu a faixa crítica por causa do impacto da crise nos mercados financeiros que provocou gastos exorbitantes dos governos no mesmo tempo quando a receita com tributos baixou por causa da recessão.
Entretanto os efeitos da crise global estão mais desastrosos na periferia da zona de euro. Grécia esta experimentando uma forte recessão e se mostra incapaz de pagar sua dívida pública sem ajuda do Fundo Monetária Internacional e do Fundo de Estabilidade Financeira da União Europeia. As condições da entrega destes pacotes financeiros demandam um forte corte dos gastos públicos na Grécia. Assim a crise financeira se manifesta também numa crise econômica e atualmente cada vez numa crise social.
Durante 2011 a crise financeira piorou quando começou a afetar negativamente o refinanciamento da dívida pública de uma série de países da zona do euro. Uma crise que afetaria os grandes países europeus excederia a capacidade de ajuda financeira do FMI e da União Europeia e provocaria extremas turbulências na economia global com a consequência de uma recessão profunda da economia global.
Entretanto as expectativas negativas atrapalham a atividade econômica não somente nos países em crise. As perspectivas para uma rápida recuperação da economia global permanecem negativas.
No fim do ano 2011 surgiram indicações que talvez a economia dos Estados Unidos pode-se encontrar no caminho da recuperação.  Mas por enquanto ainda falta uma base sólida para um crescimento econômico sustentável nos Estados Unidos. A economia americana ainda sofre de distorções profundas e a carga da dívida pública e privada americana é pior que ela dos europeus.

Comércio internacional
A necessidade de terminar com os desequilíbrios no comércio exterior que se manifesta nas cifras da conta corrente do balanço de pagamento em muitos países afeta negativamente a perspectiva para o comércio internacional. Uma grande parte do crescimento econômico na China depende do setor externo e manter um superávit no comércio exterior requer déficits em outras regiões. No passado foram principalmente os Estados Unidos que absorveram o superávit chinês. Com a continuação da recessão nos Estados Unidos a China está confrontada com o desafio de encontrar outros destinos além dos países avançados dado que também Europa sofre da atividade econômica fraca e assim vai reduzir sua demanda de importações.
Por enquanto Alemanha podia ainda manter sua posição como o segundo maior exportador mundial devido a substituição das exportações para os países europeus e os Estados Unidos com exportações para os países emergentes.
Dado a urgência de reduzir a dívida pública não somente na Europa, mas também nos Estados Unidos e no Japão, a pressão aumenta para compensar a fraca conjuntura interna nestes países com exportações. Assim novos conflitos estão programados no comércio internacional. Entre as primeiras manifestações do ambiente mais conflituoso na arena do comércio internacional contam a crítica massiva dos Estados Unidos da política cambial da China e as lamentações sobre uma “guerra cambial” lançada pelo Brasil.
A preocupação que alguns países da zona de euro podiam abandonar a moeda comum contribui ainda mais para assombrar as expectativas com o comércio internacional.

Inflação
Desembargo políticas monetárias extremamente expansivas implantadas nos Estados Unidos, na Europa e no Japão em um imenso esforço em conter a crise financeira global, a inflação ainda se mantém relativamente moderada no cenário internacional.  O banco central americano continua a  uma política monetária que combina taxas de juros quase de zero por cento e aumentou recentemente a sua atividade de monetizar a dívida pública americana. Em face da crise da dívida soberana europeia que começou de afetar países de grandes economias como Espanha e Itália, o Banco Central Europeu também iniciou um programa de monetização da dívida comprando títulos de governos países que sofreram uma alta de taxa de juros no processo do refinanciamento da dívida. Assim a liquidez mundial continua em alta e aumenta o risco de consequências inflacionárias em uma dimensão que podia mostrar-se muito difícil de controlar no futuro.
Até agora as forças anti-inflacionárias das últimas décadas continuam a funcionar embargo com menos impacto.  Entre estas fatores que ajudaram a conter a inflação contam os ganhos da produtividade que chegaram com as novas tecnologias, a intensidade da concorrência global e a oferta de trabalho barato especialmente na China e no Leste de Europa. Em combinação com a política monetária de metas de inflação em muitos países pelo mundo experimentou uma prolongada fase de inflação controlada.
Com a reorientação das políticas monetárias em favor de combater a recessão conjunto com o enfraquecimento do progresso tecnológico e com o uso da oferta de mão de obra barata perto do seu limite, a inflação mundial esta entrando numa trajetória de ascensão. 

Mercados
Os leilões de debentures de Alemanha e Itália no Novembro 2011 mostraram que não apenas os pequenos países da periferia estão em perigo, mas também as grandes econômicas. É bem provável que esta tendência vai continuar durante 2012 e provocar um clima de angustia com taxas de juros mais altas para os Estados Unidos, Japão e os países na Europa. Este cenário pode-se tornar ainda mais problemático quando a contração de crédito está acompanhada do aumento da inflação.
Este tipo de ambiente não vai permitir um grande avanço de ativos financeiros. Seletividade vai ser cada vez mais importante. O mercado está no processo de se tornar altamente heterogênico produzindo uma convivência quase irracional de ativos extremamente sobrevalorizados ao lado de ativos extremamente subvalorizados.
A crise da atualidade manifesta-se como uma crise da dívida pública, mas a causa mais profunda reside no sistema monetário da atualidade. O sistema monetário de moeda fiduciária permite um endividamento da economia além da sua capacidade ao longo prazo. Um sistema monetário sem ancora, como hoje em dia é a regra, contém a inerente tendência de produzir uma bolha após a outra bolha.
Por décadas os mercados financeiros se distinguem da característica de que quando uma bolha está implodindo, a outra bolha já está no processo de inflacionar. Por enquanto aparece que estamos perto do fim desta montanha russa.  Quando no passado até recentemente ir com as massas e seguir o rebanho se mostrou como boa estratégia nos mercados financeiros, o mesmo hoje é uma receita para o desastre. Quando no passado era uma boa aposta de esperar como regra subsídios e “bailouts” governamentais quando um setor ou uma empresa ou banca que papel “sistêmico” se encontrou em risco de falhar, no futuro frequentemente se vai esperar em vão. Quando no passado títulos do governo forma os mais seguros, hoje podem se mostrar podres.

Conclusão
Quase todos os governos estão já tecnicamente bancarrota. Isto é a grande diferença que marca o novo período. A atuação do setor público está além do seu zênite e de agora em diante o “novo normal” será a sua diminuição. Isto significa uma mudança radical da política, da sociedade e consequentemente dos mercados financeiros. A próxima grande batalha nesta revolução está já começando. Esta batalha acontece no campo de dinheiro onde as novas forças lutam para estabelecer um sistema monetário que funciona sem intervencionismo estatal.

Antony P. Mueller é doutor em economia pela Universidade de Erlangen-Nuremberg, na Alemanha, e atualmente atua como professor na Universidade Federal de Sergipe (UFS). Ele é o fundador do Continental Economics Institute e mantêm os blogs Economia Nova, Cash and Currencies e Sociologia econômica.

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