terça-feira, 15 de março de 2016

Teoria austríaca dos ciclos econômicos

A TEORIA AUSTRÍACA DOS CICLOS ECONÔMICOS
por Ubiratan J. Iorio
No início dos anos trinta, o Prof. Hayek foi convidado a proferir uma série de três conferências na London School of Economics. O material daquelas palestras, então publicado sob o título de “Prices and Production” (1) , representa sua primeira tentativa de elaborar uma teoria dos ciclos econômicos, combinando a análise de Knut Wicksell das relações entre moeda e taxa de juros com a teoria do capital de Eugene von Böhm-Bawerk, na tradição iniciada em 1912 por Mises, no capítulo 19 de sua “Theorie des Geldes und der Umlaufsmittel”. As palestras de Hayek foram pontuadas por triângulos, de uma espécie que sua platéia - que incluía, entre outros, John Hicks, Nicolas Kaldor e Joan Robinson - jamais tinha visto anteriormente e que, talvez por esse motivo, não tenha compreendido. Este texto tem os objetivos de, primeiro, explicar o que Hayek pretendia representar com seus triângulos e, segundo, apresentar de maneira mais conceitualizada a alternativa dos economistas que adotam a metodologia austríaca às teorias da inflação dos modelos macroeconômicos convencionais, o que será feito seguindo a linha desenvolvida por Mark Skousen em seu instigante livro “The Structure of Production”, publicado em 1990 pela editora da Universidade de New York. Adicionalmente, procuraremos especular sobre a relevância da teoria hayekiana para os dias de hoje (2) . A teoria austríaca dos ciclos, atribuída a Hayek, procura explicar de que maneira os distúrbios monetários provocam descoordenações intertemporais nas atividades econômicas (os “booms” artificiais), como essas descoordenações, ao serem descobertas, provocam recessão (os “busts”) e que ajustamentos elas desencadeiam no sentido da reestruturação da economia. Trata-se de uma tentativa de conciliar elementos wicksellianos e böhmbawerkianos, tal como já o fizera Mises em seu tratado de 1912. Além disso, Hayek enriqueceu-a com as influências de David Ricardo e John Stuart Mill, bem como, é claro, com seus próprios “insights”. O resultado é uma integração magistral das teorias dos preços, da moeda e do capital. Os diversos elementos da teoria hayekiana - que são isolados a seguir para facilitar a compreensão e a análise do leitor - estão conectados por uma forte complementariedade, a tal ponto de não podermos rejeitar qualquer um deles sem que a teoria como um todo fique comprometida.
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