Eugênio Gudin (1886-1986) nascido em um 12 de julho, foi, sem sombra de qualquer dúvida, o mais icônico apoiador do liberalismo econômico na metade do século XX, exercendo enorme influência sobre a geração seguinte de economistas brasileiros e preparando o terreno para que surgisse a leva de liberais de que Roberto Campos foi o maior expoente. Teve uma experiência no ministério do breve governo Café Filho, defendendo a responsabilidade fiscal e o equilíbrio da moeda; representou ainda o Brasil na sociedade Mont Pélerin, fundada para reunir os principais intelectuais e ativistas do liberalismo e da economia de mercado no mundo, bem como na Conferência de Bretton Woods. Já referenciava autores da Escola Austríaca, em especial Mises e Hayek, resgatados posteriormente como referências teóricas pela geração que fundou o Instituto Liberal. Notabilizou-se pelo duelo teórico contra Roberto Simonsen, em que combateu a ênfase em um modelo industrialista por via estatal.
terça-feira, 12 de julho de 2022
Eugênio Gudin (1886-1986)
Tenho críticas a ele, em especial à sua visão mais permeável a soluções não-liberais na esfera política; em dezembro de 1977, o Jornal do Brasil registra um debate entre Gudin e Hayek, quando este esteve no Brasil, em que Hayek defende uma esperança liberal-democrática (ainda que na forma da sua proposta pessoal chamada "demarquia"), dizendo que era a única forma de mudança pacífica de governo, enquanto Gudin, que apoiou o Ato Institucional Número 2 (quando Carlos Lacerda, a quem admirava, já estava contrário ao regime militar), sustentava que a democracia lhe parecia lamentavelmente ser apenas uma utopia no Brasil. No fim, voltou-se contra os governos militares, em função do estatismo galopante. Compreendidas as idiossincrasias do tempo de um homem que chegou a falecer aos 100 anos em 1986, esse defeito não anula a lembrança que os defensores do "monstro capitalista", no dizer das esquerdas, devem cultivar de sua obra desbravadora.
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